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FOTOS E TEXTO DE RUDÁ MIRANDA SCHNEIDER
Al salaam a’ laykum (saudação em árabe),
Viajar pelo Alto Atlas até as dunas do Saara, alcançando as do Deserto de Merzouga, requer disposição e coragem, mas que com certeza são muito bem recompensadas. Partindo de Marrakesh e seguindo em direção sudeste, encontra-se uma parte da Cordilheira do Atlas e seu ponto mais alto, o Jbel Toubkal, segundo maior pico do continente africano, atrás do Kilimanjaro, na Tanzânia. Para fazer este caminho, pode-se escolher entre pagar um guia individual ou um tour em grupo, tanto pra fazer o caminho de carro, como por trilha, e é muito fácil o contato direto com estes por e-mail enquanto planeja a viagem.
A Cordilheira, dividida em Anti, Médio e Alto Atlas, separa a região costeira do Oceano Atlântico do deserto, sendo praticamente um portal para o Saara. No caminho, encontramos muitas vilas avermelhadas, incrustadas aos pés das montanhas e nas quais podemos ver ao menos uma torre quadrangular indicando uma mesquita. São destas torres, que já têm este formato para facilitar a indicação dos quatro pontos cardeais, de onde sai o chamado cinco vezes ao dia para a reza muçulmana. Dormir numa tenda, forrada de tapetes, e ser acordado às 5 horas da manhã com um canto-gritado em árabe é algo inexplicável.
Os principais pontos do caminho são as Gorge du Todra e Gorge du Draa – gorge, garganta em francês, sempre indica desfiladeiros entre os quais passa um rio, no caso o Todra e o Draa; Ait Ben Haddou, a vila fortificada famosa por ter sido cenário de muitos filmes importantes, como “Ali Baba e os Quarenta Ladrões”(1954), “Indiana Jones”(1996), “Gladiador”(1998), “Príncipe da Pérsia”(2008), entre outros.
No entanto, mais do que parado admirando todos estes lugares, sentir as subidas e descidas entre as curvas estreitas, admirando o constante jogo de luz que o sol projetava nas montanhas e que alterava constantemente nossas visões e percepções das paisagens, era impressionante. Quando o rádio começava a tocar uma música berbere então, a sensação se aguçava.
AIT BEN HADDOU: Açafrão, chá verde e índigo são utilizados no desenho sobre papel que, depois de pronto, é exposto ao fogo, reforçando as cores
AIT BEN HADDOU: Ao fundo, pode-se ver a torre de uma das mesquitas da cidade vizinha
AIT BEN HADDOU: Indicando as inscrições acima da porta de entrada da casa, as quais se referem ao moradores desta, na língua bérbere – que utiliza um alfabeto próprio, o “tifinagh”
SAARA: Voltando para a vila mais próxima do acampamento. Na areia, o caminho deixado pelos dromedários